11 de setembro de 2008

A vida em questão...


Esta noite debati-me com a vida de um amigo de quatro patas...

Pois bem, dirigi-me a casa da minha avó para jantar, após alguns momentos de conversa e já prontos para sairmos para jantar, vejo a minha avó a vir da cozinha com os olhos cobertos de lágrimas...

Percebi logo o que se passara, a gata que a acompanhou ao longo destes anos, a sua única companhia encontrava-se doente, por isso deduzi logo que o fim trágico havia chegado. Sem levantar grande alarido convidei todos a irem para o restaurante, e eu fiquei para trás, cumprindo os desejos que a minha avó me segredara.

E ali fiquei eu, fui de encontro à gatinha que se encontrava imóvel, rígida. Decidi então cumprir os passos que me haviam sido incumbidos. Ganhei forças e iniciei...


  1. Verificar se a gata está morta

  2. Embrulha-la na mantinha

  3. Enterra-la de forma a que não ficasse em contacto com a terra.

Ponto 1 - Parece descabido, mas... foi fulcral. A gata que supostamente estaria morta, não o estava... ( calham-me sempre estas situações de indefinição...)


Aqui começaram todas as minhas questões:



  • Estaria a minha avó preparada para aguentar esta indecisão? Morta, Viva?

  • O que fazer a seguir? ( o meu instinto levou-me até ao veterinário)

  • No vet. aconselharam a interna-la... ( e lá foi o meu instinto... tentar tentar!)

  • E agora? Avisar a minha avó? Esperar pelo diagnostico do vet. para não prolongar o sofrimento à minha avó?

  • Pressão familiar para não dizer que a gata estava internada... ( e seria correcto omitir? e se a gata se safava? Como iria encarar a minha avó?)

No espaço de uma hora vivi angustias, quer pelo sofrimento da nossa menina, quer por tudo o que envolvia não prolongar dores e angústias à minha avó!

Pois bem, entreguei a chave de casa à minha avó e fui incapaz de proferir uma palavra que fosse, limitei-me a abraça-la!!

Fui para casa numa situação completamente constrangedora...

Passado cerca de uma hora liga a veterinária, a dizer tudo o que tinha sido feito e que o estado não tinha alterado muito, bla bla bla bla.... Ganhei coragem e perguntei: Não sei qual é a sua opinião relativamente ao assunto, mas gostaria de saber qual a sua posição relativamente à hipótese de abate da gatinha?

Vet: De acordo com o quadro clínico, bla bla bla, e tendo em conta que mesmo tratando a bla bla bla, o mais provável é o fígado não funcionar bla bla bla, não sei a qualidade de vida num caso remoto que ela irá ter, bla bla bla, posto isto deixo à sua consideração, é uma decisão sua e que aceitamos.

Lá me veio o calafrio pela espinha e... : Sendo assim faça, faça isso... ( nem consegui proferir a palavra abate)

Foram umas horas horríveis, sentimentos terríveis, responsabilidades que não eram minhas...muito menos decisões... mas fiz o que no fundo achei ser o melhor!! Para a gatinha e para a minha avó!!

...what a day...


* imagem tirada descaradamente por aí...pela net

4 comentários:

  1. Parabens!

    Ajudaste uma vida a terminar, com dignidade e sem sofrimento.
    A morte é como o nascimento: Dois pontos no ciclo da Vida.

    Beijo

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  2. Desde já Obrigada pela visita.
    Esta é sempre uma questão tão difícil de resolver, ainda para mais não sendo de um animal que te pertence. Mas sinto que fiz o melhor!!
    :*

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  3. Mostras uma sensibilidade incrivel. E passas-te por uma daquelas situações que ninguém quer passar nem decidir. Mas enfrentas-te a situação e tomas-te as decisões todas sem "fugir" ou inventar desculpas. Esta história real emocionou-me e não a vou esquecer.

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  4. Obrigada Maria Papoila ;)

    Foi muito bom ler-te por aqui.

    Beijo grande!!

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